6 de fevereiro de 2009

A VOZ DELES

A voz deles te perturba, eu sei. A voz deles pode ser cruel, eu sei, mas a voz é deles.
A voz deles se repete, eu sei. A voz deles pode ficar repetitiva, mas é deles.

A voz deles entra, a voz deles não sai.
A voz deles encomoda, você quer tirá-la.
Uma vez que a voz deles sai, ela entra denovo.

A sua voz é deles.
A voz deles é voz, e é você.

E você vai ouvindo e vai falando.
Fala o que ouve, ouve o que não pensa.
Lhe perguntam, não responde.
Perguntam e vai falar o que?
Sua voz não está aqui agora.
Eles não estão aqui agora.

Seu pensamento procura sua voz.
Quase esquecida, ela sai em forma de merda.
Pior para a sua cara.
Pior para a sua cara que é rotulada pelo o que sai da boca.

Pobre cara, perdeu a voz.
Pobre cara, sem identidade.
Pobre pessoa, dependente.
Pobre pessoa, vai doer.

Não esqueça, a voz deles é deles.
Terceiro, não primeiro.
Eles estão fora, você está dentro.
Lá, não aqui.

Como também não sou sua voz, você aprenderá sozinho.
Vá e guie-se com a própria cabeça, mesmo que não tenha um mapa.

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Pareceu auto-ajuda? É um mercado em expansão, é fácil conseguir admiradores sendo mais ou menos.

Foi chato e repetitivo? Era esse o efeito que eu queria.

Não gostou? Nem eu.


O. Vinhas

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